Um grupo de colaboradores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviou ao vereador Marcos Dias Pereira, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, relatos detalhados de alegados casos de assédio moral e sexual no ambiente de trabalho da organização.
Com base nas acusações, o parlamentar apresentou uma notícia de fato ao Ministério Público do Trabalho (MPT), alertando sobre o não cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela CBF em 2021 com o intuito de combater práticas abusivas.
O requerimento, protocolado com o número NF 002209.2025.01.000/5, solicita o imediato afastamento do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues Gomes, e de parte da diretoria, bem como uma investigação minuciosa. As denúncias abrangem situações de humilhação pública, monitorização ilegal com câmeras ocultas, perseguição a funcionários e negligência diante de casos de assédio sexual.
"Recebi denúncias anônimas graves, caracterizadas pelo silêncio imposto pelo medo e pela aflição dos que suportam em silêncio", destaca o vereador Marcos Dias. "Tenho plena consciência da gravidade de uma acusação. Por isso, antes de qualquer julgamento, reuni evidências, documentos, decisões judiciais e reportagens jornalísticas – todas já de conhecimento público – que corroboram, de forma cristalina, que essas vozes não estão sozinhas. Os fatos são contundentes. Trata-se de um padrão de abuso que, mesmo após a celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho, perdura na destruição da saúde emocional e da dignidade dos colaboradores da instituição".
De acordo com a denúncia, o TAC, que estabelecia medidas como formações e canais seguros de denúncia, teria se convertido em uma "mera obra de ficção". O vereador mencionou decisões judiciais que já condenaram a CBF por assédio moral, além de reportagens que detalham um hábito de conduta abusiva atribuído a Ednaldo Rodrigues. Dentre os casos citados está o esvaziamento de funções de colaboradores, demissões em massa e até a instalação de câmeras sigilosas no refeitório da sede da entidade.
O Ministério Público do Trabalho agora analisará a denúncia para deliberar sobre a instauração de uma investigação e possíveis medidas judiciais, incluindo a solicitação de afastamento cautelar do presidente. Até o momento, a CBF não se pronunciou sobre o assunto.
Por Leonardo Fabri